O essencial não se vê

terça-feira, junho 11, 2013

Ser viajante de profissão


"Subitamente, aparecem uns pensamentos ou sentimentos em nós, que não tínhamos pedido ou que pedimos mas afinal não queremos. São aqueles que nos dizem que já não há encanto na profissão, já não nos apetece fazer isto, já não nos faz felizes. Então surge o problema grande de acharmos que já não estamos a fazer o que gostamos e que a partir daqui tudo vai piorar, até que tenhamos que forçar a inevitável mudança.
E eis que surge um encontro com o nosso passado, e com a vida que podíamos ter neste momento. Imaginamo-nos ali naquele lugar, e aí ganhamos um novo fôlego para viver a nossa própria vida. Percebemos que esta vida nos dá; nos dá novidades, nos dá variedade, versatilidade, sociabilidade, e mesmo alguma felicidade.
Ser viajante de profissão é:
ser elástico por dentro e por fora,
é resistir à depressão da solidão,
é sorrir quando se quer chorar,
é sair de casa com a mala sem olhar para trás,
é andar, só porque se é forte.
É abdicar de rotinas e hábitos pequeninos, tão bons,
É ser amigo dos outros por minutos ou dias
E depois esquecer.
É viajar quando outros se sentam à mesa em casa,
É sentirmo-nos diferentes,
É deixar a família ao domingo,
É ter olheiras.
Viajante de profissão dorme a qualquer hora,
Não se importa de trocar a noite e o dia
Porque isso é apenas uma questão de lugar.
É ter dias sós em descanso,
É sonhar com um abraço em casa
Que se demora, porque está longe ou não existe.
Ser viajante de profissão é
A felicidade verdadeira e a falsa ao mesmo tempo.
É ser elástico.
O elástico não quebra?
Não, ainda não…
Feliz e infelizmente!"